Figura 1 – Artefatos
líticos (manifestações da Tradição Umbu)
Legenda: a, b: pedra gravada (ambas as faces);
c: cópia dos petroglifos do Morro do Sobrado, Montenegro, RS;
d – o: pontas de projétil; p: furador; q: raspadeira;
r, s: raspadores pedunculados; (In: MENTZ RIBEIRO, 1999)
As primeiras ferramentas utilizadas
pelos nossos ancestrais eram caracterizadas por um material muito simples e
facilmente disponível nas áreas e/ou paisagens ocupadas durante a pré-história:
a pedra.
Dentre os vários artefatos produzidos
pelo homem, desde os tempos mais remotos, os objetos em pedra são conhecidos
como os mais antigos da atividade humana. Com finalidades diversas, dentre as
quais cortar, raspar, moer, incidir, quebrar sementes, trituração e defesa,
foram produzidos pelos homens pré-históricos um conjunto de artefatos líticos
que fizeram parte do cotidiano destes grupos. Como instrumentos mais comuns
entre os artefatos, listam-se as lâminas de machado, os percutores, os
raspadores, os furadores, as lascas, as pontas e os fragmentos resultantes da
preparação destes materiais (resíduos de lascamento).
Os artefatos de pedra lascada, por exemplo, aos
quais se deram as técnicas de lascamento, através da percussão simples e direta
com um seixo (percutor), foram elaborados sobre uma matriz que chamamos de
núcleo. Entendem-se como núcleos, os blocos de matéria-prima utilizados na
confecção das peças líticas, de onde se obtém uma diversidade de lascas
(fragmentos destacados por percussão). Indícios arqueológicos apontam que as lascas
obtidas destes núcleos podiam ser retocadas ou não.
Os artefatos, confeccionados a partir destas lascas – com finalidades diversas
-, apresentam-se em formatos variados, adquiridos após o seu destacamento da
rocha matriz, recebendo o acabamento necessário (retoques) para as funções
atribuídas. Os instrumentos em pedra lascada foram aplicados nas atividades
pré-históricas de caça, coleta, pesca e preparo de alimentos.

Figura 2 – Material
lítico da Tradição Humaitá.
a: zoólito (perfil); b-j: talhadores;
k: batedor-triturador com depressão esférica polida;
l,n: batedores-trituradores; m,o: raspadores
(In: MENTZ RIBEIRO, 1999)
A transição dos instrumentos de pedra lascada para os de
pedra polida merece uma certa atenção, tendo em vista que alguns dos objetos
utilitários, como o almofariz, a mó e a mão-de-mó apresentam finalidades
vinculadas ao processamento de vegetais (moagem de sementes e grãos).
Características como a domesticação de plantas ou prática
de agricultura incipiente na pré-história estão relacionadas, na arqueologia
brasileira, ao processo de sedentarização dos grupos e à produção de objetos
cerâmicos utilitários.
Analisando a bibliografia disponível, observamos algumas divergências de
informações. Dados obtidos de sítios arqueológicos situados em diversas partes
do mundo demonstram que não há
uma relação direta entre a pedra polida e a domesticação de plantas.
“A pedra polida era
conhecida por povos da Indonésia e Nova Guiné, que desconheciam a domesticação;
no Norte da Austrália havia caçadores-recoletores que possuíam machados de gume
polido datáveis de c. 18.000
a.C.” (Vilaça, 1988 apud Testart, 1982). “Estes seriam
tão revolucionários como os agricultores” (Vilaça, 1988 apud Testart, 1982).
“No Próximo Oriente, o polimento da pedra
foi reservado, inicialmente, a objetos não utilizáveis, de adorno ou de
prestígio, como os pendeloques natufenses. E da pedra polida, não depende a
agricultura nem a domesticação”. (Vilaça, 1988).
Dando continuidade à discussão acima iniciada,
abordaremos no nosso próximo encontro, a produção dos vasilhames cerâmicas,
pelas populações pré-históricas sedentárias ou não. Aguardo
você. Até a próxima!.